domingo, 30 de dezembro de 2012

João Rosa de Castro - Adeuses

PARA CONQUISTAR ROSA

O choque entre a essência e o mundo
É a fusão entre o ser profundo
E o não ser de modo algum.

Porque o ar entra nos pulmões de quem inspira
Mais do que o sangue procura.
E sai um ar quase expulso
Como que indesejável.

Eis o choque natural e preciso
Que com os anos se harmoniza com a vida
De sins e de nãos.

É preciso tempo para não se espantar
Com os impactos que sofre a alma.
Até que o que era violência
Se torna uma terna dança!

domingo, 23 de dezembro de 2012

João Rosa de Castro - Adeuses


HERÓIS

Tomei a loucura como se fosse um souvenir do paraíso.
Lancei-a longe – num terreno baldio.

Lará lará.
Aqui faz bem,
Agora é a hora certa,
Sempre é uma grande mentira.
O dia e a noite não podem configurar um dilema aos meus olhos.

Ah a Natureza é tão insólita.
Ah que dizer da parte humana.

A loucura encontrou o caminho de volta para casa
E agora me consola
Pra depois embaralhar a minha vida de novo
Até eu que me transforme no herói que eu mesmo procuro!

domingo, 16 de dezembro de 2012

João Rosa de Castro - Adeuses

PRATA

Mais um adeus de chinelas,
Contra o olhar panorâmico.
Orgânica é a memória insistente,
Majorando na chuva que cai.
Para muito servem as cidades
Com todos os seus endereços.
É a fuga da natureza,
Da qual nenhum ser se ausenta.
A terra e a sua semente
É o meu único cenário;
Com todas as folhas que brotam
E as flores que rebentam.
Assim como a voz invisível,
Gerando rudes imagens,
No meu virgem pensamento.
Mais um adeus entre adeuses
De tudo que jaz “esquecido”…


domingo, 9 de dezembro de 2012

João Rosa de Castro - Adeuses

MARIA FERREIRA SILVA

Aurora, que a natureza criou em muitas horas,
Quando choras, tuas lágrimas florescem.
Ao que gritas, as cidades se povoam.
Ao que esqueces, vem o sino da igreja.

Aurora, que anuncias a manhã,
Porque ardes, o deserto se avoluma,
Porque pedes, falta pão nas sinagogas,
Porque farta, as canções já silenciam.

Aurora, cujas cores serpenteiam
Onde há céu, teu sorriso acalanta.
Onde há mar, tuas ondas são tranquilas,
Onde há terra, tem ciranda de crianças.

Aurora, onde escondes a esperança?
Pois que seja a sua fala a derradeira
Pois que vejas longe quanto viveremos
Pois do dia, tu já és sempre a primeira!

domingo, 2 de dezembro de 2012

João Rosa de Castro - Adeuses

BOAS INTENÇÕES

Ah se eu pudesse, por meio de uma negociação ultra-amorosa, emprestar o perfume de Helena à Jurema, tão inodora. E de Jurema tomar o entusiasmo pela vida e depositar na alma esquálida de Clarice. Clarice, mais amável e agradecida, poria em minhas mãos o seu ouro para que eu desse à Minerva tão nobre, tão esnobe, mas tão pobre. Rica ela, daria parte de sua inteligência pulsante a mim, que, como um pombo correio vestido de amarelo, depressa, depressa, entregaria à Maria. O mundo ia se ver com Maria ladina e eloquente. Ah, se eu pudesse assim dum momento anunciar, depois de resoluções extraterrenas, a transferência de um pouco da fertilidade de Maria à Francisca, que de tudo, sofresse estéril. Mãe, muito mais mãe, ela confiaria sua gratidão a mim para que eu desse à Haná. Por fim, Haná, numa explosão de amor universal repentino, dar-me-ia gratamente, todo o seu mel, para adoçar as amargas sem nome... Haja abelhas e haja mel. Ah se eu pudesse…!

João Rosa de Castro - Despedida - Encerramento do Blogue Lume d'Arena

Prezado leitor. É com imensa satisfação que venho expressar minha gratidão a todos que visitaram, leram, compartilharam e acompanharam o L...