domingo, 24 de novembro de 2013

João Rosa de Castro - Alma Nua

POEMA A OGUM

Ogunhê, meu pai!

Faz faisca, faz fogo.
Faz da floresta o teu jogo,
Luta com gigantes felinos
E arranca o metal das cavernas.

Ogunhê, meu pai!

Ouro cingindo o teu peito.
A perfeição – teu semblante.
Ouve o tambor que te invoca
E tua razão prolifera.

Ogunhê, meu pai!

Toma lugar neste espaço.
Faz dele o teu paradeiro
Faz desse corpo o guerreiro

Que vem cantar sua vitória.

domingo, 17 de novembro de 2013

João Rosa de Castro - Alma Nua

O MEU ANDAR

Eu atração de neuróticos.
Um com pressa de tomar o trem.
Outro sonhando com milagres.
Um querendo de mim prodígios
Outro de mim perfeição.

Estupidamente dispersos
Movem-se homens, mulheres, cachorros.
Sinto-me num grande agadê.
Todos livres para tudo
Menos para rejeitarem a liberdade.
Aonde leva este andar
Sem rima com nenhuma canção?
Ah vida absurda, absurda vida.
Vida atávica, atávica vida:
A quem pertence a existência

Quando não à jontex?

domingo, 10 de novembro de 2013

João Rosa de Castro - Alma Nua

À NISE DA SILVEIRA

Cheguei para partir logo,
Voltei e revi meus discos,
Chorei nessa despedida,
Mantive as luzes acesas,
Ninguém viu o que eu pensava,
Notei o cheiro das flores,
Pintei o meu desalento,
Somei o pesar ao riso,
Formei uma face nova,
Desci daquela montanha.

domingo, 3 de novembro de 2013

João Rosa de Castro - Alma Nua

POEMA RETIRADO DA MILIONÉSIMA NOITE INSONE

Ele era verme,
Foi se virando, se virando
Virou lagarta,
Foi se virando, se virando,
Virou borboleta macho,
Foi se virando, se virando,
Virou pássaro,
Foi se virando, se virando,
Virou urso,
Foi se virando, se virando,
Virou macaco,
Foi se virando, se virando,
Virou homem,
Agora se vira, se vira, se vira.

João Rosa de Castro - Despedida - Encerramento do Blogue Lume d'Arena

Prezado leitor. É com imensa satisfação que venho expressar minha gratidão a todos que visitaram, leram, compartilharam e acompanharam o L...