domingo, 27 de março de 2016

João Rosa de Castro - O Cio da Pedra

O ARCO-ÍRIS

A minha solidão desses dias
Não há gracejo que contemple.
Papai parte pra sempre,
Mamãe parte pra longe.
Eu nunca fiz um poema
Com versos ou tempestades,
Ou raios valendo money
Ou money uma vitamina.
Eu sou o estranho impar
Que o teu perfume não vê
A milhas e milhas distante.
Eu sei a cor dos semblantes
Mas cores não misturei.
Ouvi as canções distintas
Mas tive de esquecê-las.
Por que esse Deus e Mais Deuses?
Por que esse planejamento?
Por que o tal casamento?
Por que o porquê das crianças?
As minhas vontades noturnas
Nem os holofotes copiam,
Eu não criei, nem busquei.
Eu pouco quis, pois deixei
Estar um peso nas costas.
Agora eu peço: ajuda
Para que eu saia de mim

Ou pise no mundo em mim mesmo.

domingo, 20 de março de 2016

João Rosa de Castro - O Cio da Pedra

DIVISÃO

Sino que perde a sina.
Sina que simboliza.
Homem que perde a letra
Para fazer a tenda.
Hino que cai de cima.
Rima a contar as contas.
Pano de sobretudo
Sobre a suburbana.
Mano que esquece as minas.
Carro que sai petróleo
Atravessando o serrado.
Isto não é poema,
Carta sim é o que é isto.
Vai alcançar os olhos
Da grande versão distante.
Onde houver senha, entenda:

Nunca te vi na fila.

domingo, 13 de março de 2016

João Rosa de Castro - O Cio da Pedra

MARES

É você que eu amo em todas as estações do ano.
É você que eu desejo a qualquer hora do dia.
É você que me inspira em todos os traços da História.
É você que eu espero nos meus momentos mais tristes.
É com você que eu conto nas minhas viagens distantes.
É só você que antevejo nas quatro fases da lua.
É a sua beleza que exala esse perfume sutil.
É a sua voz que ouço em todas as canções de amor.
É a sua essência que encontro em todas as letras que escrevo.

É a sua volúpia que chega e a minha volúpia completa.

domingo, 6 de março de 2016

João Rosa de Castro - O Cio da Pedra


TULIPAS

É com o corpo todo que enfrento a guerra.
É vacilando entre a inocência dum menino
E a frieza dum legista.
O amor não pode reduzir-se
A uma distante aspiração de pessoa.
É preciso fatos convincentes
Para erguê-lo, para preservá-lo.
É preciso comunicação com a sabedoria das árvores.
É preciso o risco da própria finitude
Para entender este tão popular, mas desconhecido, sentimento.
É com a alma toda que visito o amor.
E a tragédia que espreita.
E a dúvida que permeia.
E a solidão que se insinua,
Essas personagens não são dignas de crédito
Quando o amor se manifesta
Nas vísceras do homem
Escolhido para amar.
Aí o impulso se concretiza.
Aí o impulso ganha voz.

Aí ele ganha matéria que se realiza.

João Rosa de Castro - Despedida - Encerramento do Blogue Lume d'Arena

Prezado leitor. É com imensa satisfação que venho expressar minha gratidão a todos que visitaram, leram, compartilharam e acompanharam o L...