domingo, 26 de junho de 2016

João Rosa de Castro - O Cio da Pedra


UMA DAS BAÍAS DA BAHIA

Porto Seguro que me recebeste para ouvir tuas águas.
Tuas boas-vindas são mais do que um abraço.
A distância dos mares que as balsas ligam
Ainda está guardada na memória do meu olhar.
Suas nuvens coloridas ao entardecer...
Suas noites harmoniosas e estreladas...
Seu povo feliz na passarela da orla...
                                                                                  Salve. Salve.

Porto Seguro do Apaga Fogo que me deu uma pedra:
Perdoa que não tive a delicadeza de deixá-la na areia.
Há prendas que se não refuga.
Há desejos de réveillon que se realizam.
E todo caos pode-se tornar festa
Quando fazemos amigos e havemos outra vez e outra vez
Vista Do Mar Da Cidade Histórica Sua.
Porto Seguro da Bahia-Brasil...                     

Salve. Salve.

domingo, 19 de junho de 2016

João Rosa de Castro - O Cio da Pedra


PAI-FIGURA

Minha terra ininterrupta tem pegadas tão sacras.
Meu chão é da lisura da pele da amada.
Flor-fotografia tão impressionante:
Não permite tocar, olhar, colher.
Deu-me meu pai uma terra.
Esplendorosa herança.
E disse: “é tua, tua, tua.
O que imaginares tem ela.
O que mais sonhares, na colina rebenta.
Deixai o capital insuficiente das massas,
Olvidai as fibras inteligíveis e opressoras.
Tua terra é canção serena
Sincero e etéreo acalanto.”
Tomei minha terra nesse caminhar

E sinto-a, viva, afagar os meus pés.

domingo, 12 de junho de 2016

João Rosa de Castro - O Cio da Pedra

PAISAGEM PAULISTANA

Ó céu, céu da manhã,
Azul tão raro deste outono infinito,
Se és único alguém que me escute
Por que te ocultas por trás da nuvem espessa?
Por que por sobre os telhados simples
Há sempre o concreto a insurgir-se?
Céu, corpo onipresente desta terra insana,
Ouve e vê os lábios doutro suplicante
Que não sabe mais aonde levam os dias
E só vê miséria pelos arredores.
Monstro em pesadelo que exala odores.
A nobreza incauta que nos cobra a alma
Qual demônio lúcido que nos lê o pacto.
Céu, azul sedento de olhar melancólico,
Apontai-me um deus que seja certeiro,
Uma prece, um mantra, um sorriso inteiro,
Que já o desatino sem demora alcança.
Céu, telefone intenso a ligar consciências,
Jaze sobre o meu pranto feito lenço enxuto,
Mostra-me a semente que dará seu fruto,
Que essa existência pede mais um dia.
Ó céu, céu do meio-dia que clareia agora
E já ensaia resposta ampla.
Alma onisciente a remeter olhares para o alto.
E não há mais nuvens, e não há miséria.
E não se vê mais decadência.
Tudo ao redor encanta
Pela tua sua brisa majestosa e mansa.
Eu não tenho mais que pedir.
Contemplo os movimentos e gestos que enfeitam
As avenidas.
Ó céu, céu da meia-noite que a lua visita.
Diz a importância do meu pensamento.
Diz a serventia desta porta aberta
Se eu me escravizo solitário e nulo.
Mente onipotente, breu da nostalgia.
Céu, que permaneces enquanto a vida passa,
Abriga a esperança que já anda doida,
Sussurra tua ordem oportuna, eterna.

domingo, 5 de junho de 2016

João Rosa de Castro - O Cio da Pedra


VIAS MOLHADAS

Acho que vai chover no sertão e garoar na avenida.
Sinto pulsar a vida que espero
Nos teus olhos de amor.
E se meu peito não tem mais espaço
Para guardar o que sinto:
Espalham-se as lágrimas de homem,
E todos os meus desejos,
E tudo o que vivo e sonho,
Até o meu rico sorriso,
Onde quer que haja nuvens
De muitas cores possíveis.
E a vida dará aromas,
E os aromas o som.

Acho que vai chover na avenida e garoar no sertão.

João Rosa de Castro - Despedida - Encerramento do Blogue Lume d'Arena

Prezado leitor. É com imensa satisfação que venho expressar minha gratidão a todos que visitaram, leram, compartilharam e acompanharam o L...