MARIA
DA ENCARNAÇÃO ISOLDA CINTRA
Ah cidade recipiente louco!
Que seduzes que não as gentes?
Que queres em movimento
Senão o humano puro?
Ah cidade acalanto
Que filas e jardins não bastam!
Pois que é preciso corações de concreto.
Uma flor em teu âmago
E está formado o espetáculo.
Desvairadamente canteiro
Que agrega romeiros
E astronautas em serena gravidade.
Ah cidade vernáculo trancafiado!
Que guardas em teus guardados
Que não o ouro puro dos dias?
É preciso um “pare!”,
é preciso um freio,
É preciso um meio, é preciso olhares.
Que tua água tanta, que tua grita mansa
Ejacula nos ouvidos o som perdido dos mares.