O
DESAMOR DO PÓS-AMOR
Impedido de falar de amor, o
poeta calou-se.
Porque indissociáveis são o
belo e o mundo.
O amor da tragédia,
O amor das panelas,
O amor dos instrumentos,
O high-tech amor,
É o mesmo da menina,
É o mesmo no teclado
Dos pecês apaixonados.
Não arranquemos o amor do
poeta.
Sem o qual ele não anda,
Sem o que ele não vaia,
Sem amor, não surpreende.
Desamando, ele desmaia.
Deixem ele e suas cores
Policiais e marítimas,
Tudo pra ele é infância;
Tudo por ele: aventura;
Tudo amor e armadilhas.
O poeta calado é relíquia;
O poeta falado é ausência;
O poeta de amor se alimenta;
Sem ele sua alma perece.
Deixa o amor na poesia
E a poesia no amor.