domingo, 30 de setembro de 2018

João Rosa de Castro - Persona Non Grata


COISAS

Fim da lua.
Finda vida desde nata.
Relíquia para quê?
Relíquia para quem?
Sucata, papelão nos carros de duas rodas puxados pelo peito dos meninos de rua, de calçadas.
Bandeiras sujas com seus símbolos envergonhados,
Envergonhada pátria.
Quanta coisa!
Quantas mais coisas?
Finda escuridão: árvores velhas enriquecidas pela finda primavera, abraçadas, amordaçadas pelas correntes de luzes de natal.
Jornal escrito, impresso, lido – jogado fora.
Fim da estrada.
Finda pauta no congresso: de que cor a nova moeda?
De que cor a nova cédula?
Que coisa?
Que coisa?
Qual a sorte de pensamento da nova geração?
Finda bagaça.
A bagaça lotada.
Fim da abolição da escravatura,
Finda a abolição da ditadura,
Fim da abolição da censura,
Finda toda e qualquer cura.
Médicos para doentes,
Doentes para médicos.
Remédios, farmácias, seringas, mandingas – coisas humanas e coisas não-humanas.
Tudo.
Tudo.
Tudo.
O horizonte, ao longe, reto, basto e quieto
Pensa.
Pensa.
Pensa.



João Rosa de Castro - Despedida - Encerramento do Blogue Lume d'Arena

Prezado leitor. É com imensa satisfação que venho expressar minha gratidão a todos que visitaram, leram, compartilharam e acompanharam o L...