O
RG
Nascida na cidade sem tamanho,
Na data que no ano é feriado,
A foto foi tirada no escuro
Não sabem por ai quem será ela.
A data de emissão nunca é recente
O polegar direito ficou fraco.
O plástico ruído de tão gasto
Andou pela bolsinha delicada.
A Vera é a Vera e não Luana.
Entrega ao porteiro toda vez.
Não sabe ele que ela não precisa.
De norte a sul já é tão conhecida.
Mas fica: o consulado é exigente.
O que pensava ela nesse dia?
Que se não fosse assim não era gente?
A fila, o carimbo, a atendente
Pedindo sua altura e a cor dos olhos.
Só rindo mesmo imaginando o medo
Que sente Vera Lúcia confundida,
É una, fina, alegre, inteligente
Mas passa por um número geral.
Geral que a outra parte não se perde,
Nenhuma Vera é assim tão verdadeira.
O erregê de Vera na padoca
Pra
todo mundo ver que ela existe.