DOIS
MUNDOS E TRÊS FORÇAS
A força motriz do feijão
Deixou os robôs assustados.
Uma caminhada na praça:
Uma porção de zinco.
Por que deixar os botões de lado
Se reiniciam já os soldados?
Faz tempo que eles marcham.
Distinguir o céu e a terra.
Distinguir a paz e a guerra.
Distinguir o estar e a espera.
Distinguir o vácuo e a atmosfera.
Respirar.
Sim pra tudo?
Não!
Não pra tudo?
Sim!
Tubiro fora o único sobrevivente da diluição. Ainda
estava em vias de transcrição para o computador. Eu não tinha a menor ideia de
onde protegê-lo. E foi num cartório da Avenida Paulista que me disseram que eu
poderia registrar. Em vez de me informarem sobre a biblioteca nacional,
aproveitaram os meus míseros reais para carimbar cada página.
Eu não tinha lido o filósofo Frederico ainda. Era
tão cristão. Tubiro fala, pois, dos
apóstolos diante do mar. Fala em deus com veneração. São poemas coloridos,
ingênuos. Não tinham a menor vivência. Qualquer criança de meses poderia ser
seu autor.
Fala de aborto, de santidade, de água benta, do
amor cristão, do pecado, da cruz, do amor à fortuna, da infância, de um som
estrondoso no peito: tudo influência de meus pais e sua espiritualidade.
O eu-lírico parecia desejar ou querer tudo, mas não
alcançava nada. É um desespero o que se desenrola no poema. Parece que a persona está sendo asfixiada e pede
socorro a si mesma.
Verdadeiramente, Tubiro não é um livro que pretendo publicar, pois é a prova de quão
incômodo eu era e ainda posso ser no meu fanatismo, no meu exagerado
misticismo. O curioso é que aquele homem, que vivia tudo aquilo, era justamente
o tipo agradável às mulheres, que me acolhiam muito bem.
Por outro lado, é o primeiro momento literário em
que exponho a tecnologia (com expressões como “digitálias”, “banda Beh”, etc.)
contrastada com objetos supranaturais. Outra vantagem que é mister deixar
registrada no Tubiro é que, já em
1999, eu era contra a globo, e dizia-a “a madrasta”.
O seu autor,
João
Rosa de Castro.