HORAS PERDIDAS
Partiu de outras
horas
Estar coberto de luz
O homem, o humano que
se aprumava.
As outras horas
determinavam,
As outras horas
elaboravam,
As outras horas é que
faziam
Com que o agora fosse
relíquia.
Nenhum desumano
Nenhum suburbano
Ousou desenhar
Mais do que coubesse
na memória.
Nenhuma macieira,
Nenhuma mangueira
Quis dar só flor,
Salvo aquelas
Da rua particular.
FLORES DO PÂNTANO
Último livro de poesia publicado em 2006, Flores do Pântano, busca retratar o
quanto se pode criar de belo ou de sublime em meio à miséria.
Assim, fala do envelhecimento, com uma pequena nota
positiva em meio a uma carrada de incômodos: “a saudade de tudo e a música, que
faz tudo lembrar”.
“Há um sim que em sua voz vacila e hesita nos meus
ouvidos como um eu-te-amo sincero.”. “Há um mundo amplo e livre com seus
caminhos inumeráveis.”, boas sensações vindas de “Miragens Teutônicas”.
Sempre retomando a tendência dos questionamentos da
tecnologia sobre a natureza, em Hardware,
Software e Rapadura, a rapadura parece vencer a concorrência. O astronauta
da periferia, afinal, termina a odisseia tecnológica “saindo de casa num
foguete e voltando de bicicleta”. Sem falar que “sempre abandona o lar”, o que
permite antever seus filhos comendo mesmo rapadura com farinha de mandioca,
quando muito.
N“Os Deuses Enfastiados”, “Lentamente os frutos
aguardam o outono e os pensamentos a robustez do meu coração”. “Lentamente,
giram as bobinas dos jornais depressa e mais depressa. […].” numa alusão ao
mundo em si com seu tempo natural, cujas velocidades e precipitações humanas
jamais tornarão outro ou melhor, senão apenas um conglomerado de parafernália,
em vez disso. E ainda, “Os homens, as nuvens, a Sol querem apenas uma coisa na
noite – ofuscar a beleza da lua.”.
O livro como um todo é uma ode à beleza do mundo e
sua natureza e um questionamento catártico da natureza humana e sua atuação
nele.
O seu autor,
João
Rosa de Castro.