BREVE
Falsa saudade corrói
o peito do homem-criança.
Quiçá a casinha,
Quiçá a amarelinha,
Quiçá virá o inferno
ou o céu
Como cenário ao seu
redor.
A vida foi feita para
que a floresta não significasse tanto.
As ruas e os
respectivos endereços.
A favela que desce,
A praça frequentada
por amantes ao luar.
Todas as idéias
animam o homem-criança.
Os ritmos de dança,
As histórias de
andança.
Rapunzel e seu
vestido,
A demora do trigo,
A noção de castigo,
A saudade do nada.
O coração sem amores,
batendo por sangue.
Um pizzicato solto no
salão,
Na hora de partir
Para o
cárcere da sala de estar.
O SONHO DE TERPSÍCORE
Num quadro de 1739, de Jean Mark Nattier, vejo-a
como que tendo inspirado Eugène Delacroix para “A Liberdade Guiando os Homens”.
Estou falando de Terpsícore, a deusa da dança. E meu sonho fora ver encenado
este livro, “O Sonho de Terpsícore”, que escrevi no começo de 2013.
O sonho passou. Agora basta que o livro seja lido.
Trata da vida, das sensações, das emoções, dos pensamentos, dos sentimentos de
alguns bailarinos brasileiros diante das dificuldades que deve ser manter ativa
e altiva a memória da melhor das artes.
Núbia e Rachel aparecem logo no segundo poema, a
bailar e a palrar. A condenar a dança como produto de vitrine.
Depois surge Flora. Bastarda. Que nem com a palavra
“Dança” se cansa. Dança pra si mesma. Ainda Cesário, construindo a sintaxe do
chão, tinha sua própria essência se confundindo com a do espaço.
Fabiano poderia ser apenas homem. “Mas overman, mas houvesse quem o superasse
na contemplação das nuvens.”. Quantas mulheres não dariam filhos a ele! Ele, o
pequeno e forte sertanejo!
Estranhamente, a obra termina com um poema
delirante, que realmente não fazia parte do espetáculo. Daí as cortinas terem
se fechado. Mesmo assim, dançaremos lendo, e ouvindo, este belo manifesto, que
não me sai da cabeça. Outro motivo de orgulho!
O seu autor,
João
Rosa de Castro.