PANÁ-PANÁ
Voou do jardim da Jandira,
Pousou no jardim da Inácia,
Cansada com as asas desmanchando,
Azuis, amarelas com contornos pretos,
Dançante suntuosa e sem pensar na vida.
Confundiu-se com a rosa quieta.
Ganhou elogios do girassol.
Voltou para o jardim de Jandira.
Tímida, parou para pensar.
Encontrou umazinha cinza e lenta.
Disse a ela o que falou o girassol.
A cinza, com inveja, roçou a orquídea.
Quisera ser violeta e rasgou a pobre flor.
As duas discutiam o que tinham voado.
A cinza queria ser mais culta.
A não-cinza, mais gostosa.
O macho, pelo cheiro, viu as duas.
Em cada uma ressaltava uma beleza.
Cavalheiro, conheceu-as separadas
E morreu sozinho e sem amigos!