ITAPARICA
Mais uma vez e eu
justificando meus gostos de leitura. Me perguntaram no palco da minha cabeça
porque eu dava essa ênfase ao João: o que tinha ele de tão bom. Eu respondia,
como se o defendesse de um exército de inimigos, que ele é uma honra; ele é
demais, versatilíssimo, móvel, tem um espírito – coisa tão rara. Ah o João,
tinha de ser mais um João. Mesmo tendo lido pouco dele, já posso adivinhar a
honra assim mesmo. Há algum tempo li no jornal – para minha estupefação – que
ele, Ele, o João, estava aborrecido porque o haviam excluído de uma festa de
escritores, um evento literário ou antologia, não me lembro muito bem de que
tratava a festa. Achei tão estranho o seu aborrecimento que cheguei a pensar
“com meus botões” que ele estava dissimulando. Afinal, tanto melhor para ele
que sua obra não se confunda, muito menos com obras como aquelas de magos
milionários; foi posta à parte por curadores ou críticos de boa consciência e bona fide – que ainda há. A obra do João
é um monumento distinto. Isso de se aborrecer só pode ser modéstia, pura
modéstia do belo João, cidadão democrático. Seus elementos de encanto não acho
em muitos outros. Me sinto em tão boa companhia com ele. Ele sabe tão bem o que
perdemos com o que vimos ganhando e mesmo assim não lança mão de saudosismo
improfícuo – apenas faz reviver um glamour
pela vida, em cada passo, que chego ao cúmulo de ter esperança nela. Brinca com
a cara e a coroa da moeda da existência e nem assim perde o rigor de uma
consciência impávida e a liberdade de uma vontade pura.