Prefácio
Assim
que comecei a leitura de “O Sonho de Terpsícore”, fui sentindo reavivar-se em
mim memórias ligadas a infância, mais precisamente a brinquedos de parque de
diversões; aqueles que giram muito e sobem e descem e rodam enquanto sobem e
nos viram de cabeça para baixo, continuando a girar e a subir e a descer, nos
deixando tontos até quase perdermos os sentidos; e quando param e soltamos os
cinturões de segurança, saímos andando em ziguezague, desfrutando
prazeirosamente da sensação de estarmos livres das defesas do ego; o que nos
permite olhar o mundo de vários outros ângulos, para os quais nossas defesas
psíquicas não nos permitiam olhar. Lembrei que gostava, quando era bem pequena,
de ficar alguns minutos “plantando bananeira”, buscando estas mesmas sensações:
a visão e as sensações alteradas, o frio na barriga, a vertigem – medo e
liberdade ao mesmo tempo.
A
minha compreensão da obra de João Rosa de Castro é, desde o primeiro poema,
visceral e dionisíaca, e desperta muito os meus sentidos. Só mais tarde, depois
de ler, experimentar e sentir, podemos começar a dar sentido e significado à
nossa vivência. Aos poucos, vamos permitindo que esses significados se juntem,
formando nossa identidade. Recomendo que se entreguem à vertigem desta leitura
e desfrutem deste prazer. Ao final da obra, você não será mais o mesmo.
São
Paulo, 03 de agosto de 2014.
Carmem
Liz Vieira de Souza.