O IOGUE
Eu,
limpando o calcanhar com o nariz.
Eu, de braços e de pernas tornando-me uma festa
Para
os olhares curiosos no salão escuro.
Uma luz que me guiava naquele palco.
Eu, iogue, eu, entregue a todas as possibilidades
De
amor entre o meu corpo e o espaço sideral.
Sentia-me mais próximo da força que criava.
Um toque no assoalho com o meu tornozelo
Tinha
então mais sexo que a penetração mais profunda.
O suor denunciava o meu cansaço.
Eu sentia a liberdade pela dança.
Rodopiava e voava intencional, intencionalmente.
Manguezais, canibais, tons austrais,
Quando
me movia, era ainda ainda mais.
Detalhes e nuances só meus.
Ninguém
podia me acompanhar nesses passos.
Nenhuma pausa me congelava;
Meu coração bailava mais que eu
E
minhas vísceras e o meu sangue
Acompanhavam
o que pedia a mente.
A mão sobre o ombro esquerdo,
A
outra ao cotovelo,
A
cabeça pendendo para os lados
E
os pés regendo os avanços;
Apontava
a cada impulso.
Ia
abrir os meus castelos em um único espetáculo…