domingo, 21 de janeiro de 2018

João Rosa de Castro - Bis

DOPAMINA

Dopamina não é mais que dopamina.
Dopamina não é figura de cartão postal.
Dopamina teimosa precisa ficar sem passar livremente.
Dopamina em excesso é arriscado como o malte.
Dopamina parece frase abreviada e coloquial.
Dopamina é um trem que tem vagões e mais vagões.
Dopamina é capaz de levar Hércules para o choque.
Dopamina gera gírias atômicas.
Dopamina a ciência não entende sem demência.
Dopamina vai no fluxo do cérebro desprezado.
Dopamina manda no mundo que nem dama apaixonada.
Dopamina tem vaidade, tem vontade, tem tensão.
Dopamina faz da vida uma ciranda, um refrão.


Persona Non Grata teria se chamado Ouça-me. Seria, pois, a continuação do desespero. Ocorreu, porém, um imprevisto, em que o gerente do hotel onde eu trabalhava declarou “persona non grata” um primo meu que se hospedava lá, por motivo de vandalismo de um seu companheiro de quarto, e o fato me deixou muito irritado.
Mas o livro em si é considerado o primeiro desta mesma fase que ainda não terminou e inclui toda a minha obra. Fala de samba, de comida, continua com a relação da tecnologia e dos produtos da natureza, valoriza o pensamento jovem, a arte, a vida da burguesia no tempo, questiona o valor da tecnologia pura, a guerra, etc.
Foi o primeiro livro de minha autoria que recebeu registro na Fundação Biblioteca Nacional. Abrindo caminho para todos os outros trinta que viriam depois. Enfim, esses livros não correriam mais o risco do aborto que sofreram centenas de poemas escritos nas minhas primícias.
Graças à psicanálise, o apocalipse tinha terminado, a asfixia tinha sido dissipada, o socorro da escuta havia me redimido ou ao menos atenuado meu desespero. Pareceu-me que a vida estava sob controle.
Fui percebendo o psicólogo como o novo grande senhor integrado, que se contrapunha aos apocalípticos como eu vivera até então. Havia sim muito que ser feito, que ser pensado, dito, ouvido, escrito e lido, antes mesmo que pudéssemos pensar em qualquer fim.
Portanto, Persona Non Grata representa, desde seu nascimento, em 1998, aquele grande recomeço. Uma fase promissora que só terminaria com a escrita do trigésimo primeiro livro.

O seu autor,
João Rosa de Castro.

João Rosa de Castro - Despedida - Encerramento do Blogue Lume d'Arena

Prezado leitor. É com imensa satisfação que venho expressar minha gratidão a todos que visitaram, leram, compartilharam e acompanharam o L...