domingo, 27 de maio de 2018

João Rosa de Castro - Amor Grátis


TRAIÇÃO IN VITRO

O céu azul amplo indecifrável
Cala-se na própria infinitude
Assim como faz a minha alma
Que pode esconder um anjo
Ou pode alimentar o monstro.
A ti em silêncio se dirige
E permite apenas o tom esquivo dos atos.
Que se pudesses conhecer tão vis segredos...
Que se não fosses tão frágil recipiente,
Se não houvesse em teu olhar a luz da ira,
Eu daria a minha essência clara e pura
Para unir-se à tua tão invicta.
Porém, o céu azul amplo e indecifrável
Cala-se na própria infinitude
Assim como faz a minha alma
Que a ti em silêncio se dirige.



A LEITURA VIVIDA

Este foi um ensaio, um esboço do que estou fazendo em Cidadania Brasileira: ler os livros alheios e dar minhas impressões ao longo da leitura.
Assim que leio Aristóteles, em Physics; Thomas Kilroy, em Tea and Sex with Shakespeare; Félix Coronel, em Como é que é; Fábio M. Said, em Fidus Interpres; Oscar Wilde, em De Profundis; Thomas Kilroy, novamente, em The Shape of Metal; Charles Darwin, em On the Origin of the Species; Eurípedes, em Prometeu Acorrentado; novamente, Thomas Kilroy, em Madame MacAdam Travelling Theatre; Michel Lahud, em A Vida Clara; João Guimarães Rosa, em Sagarana; Adam Lashinsky, em Nos Bastidores da Apple; Shakespeare, em Rei Lear e em Hamlet; outros títulos que não terminei até hoje, outros de que desisti, alguns artigos da revista especializada em tradução, TradTerm, da USP, e muito, muito da realidade que estava vivendo na ocasião de todas essas leituras aparentemente descontextualizadas entre si.
Todos esses autores, de alguma forma, fazem parte da experiência intelectual de uma fase que vivi e deve ter durado cerca de três anos.
Lembro que escrevia uma parte do livro com caneta tinteiro quando minha sobrinha, Chelidon, observou-me escrevendo e ficou intrigada. Disse: “você escreveu tudo isto sem copiar, tio?!”. Ficou assombrada, e eu é que passei a me perguntar: “será que os mais jovens não imaginam como se cria algo, não imagina que muita gente por esse Brasil escreve cartas sem copiar de nada a não ser de sua própria memória, de sua própria mente ou da consciência?”. Senti-me como se praticasse sexo e fosse observado por uma criança.
Outro sobrinho se pôs a ler um texto meu e disse: “engraçado, parece que eu vi o tio João ler um texto exatamente como este!” Fiquei sem entender nada do que deve passar na mente dos adolescentes. Faz tempo que fui um. Mereço um desconto.
A Leitura Vivida é, pois, a realização de um sonho tão simples como dormir e acordar: “ler o que me interessa sem que ninguém me diga o que ler.”.
É minha carta de alforria da servidão voluntária ou involuntária. A partir dele é que passei a criar critérios do que me coubesse ler. Às vezes entramos no concerto de um músico que não nos quer bem; aplaudimos, dançamos com seu pífaro para depois descobrirmos que não era para nós que ele foi destinado. O sentimento daí reinante é pior do que o de não nos dedicarmos a concertos nenhuns, muito menos aos que não têm vínculo com o que realmente nos interessa. Eis de que trata A Leitura Vivida, livro bilíngue, que não sei como traduzir.
Por fim, entreguei um exemplar do opúsculo, publicado virtualmente pelo Clube dos Autores, para o meu amigo de letras, Israel Mello, que também me prometeu prefaciá-lo. Vamos aguardar!

O seu autor,
João Rosa de Castro.

João Rosa de Castro - Despedida - Encerramento do Blogue Lume d'Arena

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