SAMBA-CANÇÃO
Asma contra o
céu
Céu contra a
asma.
Vai e vem o
fôlego
Lembranças de
vilas.
Será sempre
uma fuga
De si mesmo e
do mundo
Achar-se sem
nome
Em dias de esperança.
Distribuir os
monstros
Da velha
História
E refrear o
poeta
Que queima
sua pena
Em atrito
papel.
Célticos
gestos
Formatos de
rostos
Familiares e à
parte.
Arde a
saudade
Da imaginável
Liberdade,
De flagrar
feminil,
No monumento
quase-humano,
Um homem a
sentir,
Um homem a
temer
Um homem a
chorar.
Febre contra
a chuva
Chuva contra
a febre,
Que a virgem
aldeia é hibérnia
E o lado tecnicolor
Do meu
pensamento
Tem chaves e
fechaduras rijas.
O delírio ora
embala
Ora
lobotomiza.
Isto que se
ouve é só o eco;
A voz
original é matutina
Será sempre
um lamento
De quem
sonhou e acorda
Para os
desencontros do dia.
Ó – uma
ideologia
Tomando as
vísceras
E formulando
as vontades.
Ó –
preparam-se anjos
Para perderem
suas asas,
Suarem
globalizados,
Integrarem-se
democraticamente.
Eita! Que as
ilusões da grana
Forçam a
mentir o ser honesto,
Já cansei de
dizer que não presto,
Para
canalizar almas.
Canto para os
homens pássaros, marinhos...
Sinto para as
mulheres répteis, felinas...
Festas,
turmas proibidas,
Penso para
que o tempo passe.
Toda
verborragia é pouca
A quem fez
isso com o mundo.
Não ouse
perguntar “Isso, o quê?
Por
entrelinhas, nenhum poeta se culpa.
Estrelinhas
que oscilam no céu,
Não odeiem a
Dalva, nem o sol nem lua.
As revoluções
que fizerem
Vão deixar o
céu horroroso.
Estrelinhas
que oscilam burguesas
Sejam sempre
estrelinhas,
Nunca vai se
apagar
O brilho
falho que ostentam
Nunca vai se
apagar.
Taquicardia
contra o amor
Amor contra a
taquicardia.
Tudo o que
fazem os arranha-céus
É se
penetrarem para o orgasmo,
Querem o
orgástico bigue-bangue
Na eterna
mimese de “Deus”.
A farra tão
passageira,
Canhestra
farra a diesel
Anexa terras
a farra
Que os passos
nunca alcançam.
Do outro
lado, um silêncio
De tardes
primaveris.
Sorrisos
contidos nas naves
E os
sambas-canções emboloram
No fundo da
gaveta dum closet.