domingo, 2 de setembro de 2018

João Rosa de Castro - Persona Non Grata


ESQUECIMENTO

Cansei-me dos desejos velados.
Cansei-me dos impulsos confessos.
Feche os dedos mas não tanto, Maria;
Dói-me nas profundezas das vísceras.
Sou parte abastecida pelo todo;
Sou quase todo parte.
Se me fosse de direito
Pediria abrigo, comida e roupa.
Se me fosse de direito
Reclamaria mais beijo.
Rãs – hoje exijo silêncio no brejo.
Cães – hoje ordeno findo o cio da cadela.
Silêncio.
Todos andando ao meio-fio sem ruído de passos:
Guardo as minhas próprias gargalhadas para amanhã.
Cansei-me dos pensamentos inertes.
Cansei-me de emoções infundadas.
Oxalá não esqueça as cores da bandeira, o meu endereço, os apetrechos de barba, o meu nome, minha cor; minha dor…


João Rosa de Castro - Despedida - Encerramento do Blogue Lume d'Arena

Prezado leitor. É com imensa satisfação que venho expressar minha gratidão a todos que visitaram, leram, compartilharam e acompanharam o L...