MARIA FERREIRA SILVA
Aurora, que a natureza criou em muitas horas,
Quando choras, tuas lágrimas florescem.
Ao que gritas, as cidades se povoam.
Ao que esqueces, vem o sino da igreja.
Aurora, que anuncias a manhã,
Porque ardes, o deserto se avoluma,
Porque pedes, falta pão nas sinagogas,
Porque farta, as canções já silenciam.
Aurora, cujas cores serpenteiam
Onde há céu, teu sorriso acalanta.
Onde há mar, tuas ondas são tranquilas,
Onde há terra, tem ciranda de crianças.
Aurora, onde escondes a esperança?
Pois que seja a sua fala a derradeira
Pois que vejas longe quanto viveremos
Pois do dia, tu já és sempre a primeira!