DEAD CAN DANCE
Eu posso estar completamente
equivocado, mas sua música causa a impressão da morte. Eu sou muito ligado aos
nomes. “Os Mortos Podem Dançar” dão a mim uma idéia de morte feliz. Não digo em
relação à causa mortis, talvez isso
nem importe à idéia que tenho desse nome. O que me ocorre são os efeitos da morte,
isto é, a alegria que poderia surgir da grande questão de Shakespeare: “ser ou
não ser”. Na verdade, ela deveria ser “morrer ou não morrer”. E o que essa
decisão traz em seu interior? Dançar entre seres desconexos ou ligados.
Levemente, livremente, com imponência ou orgulho. Dançar é o que podemos fazer
de mais vivo. Talvez vocês tenham encontrado uma passagem fantástica para o
sentido da eternidade. Na sua música, sinto o que poderia ser a situação ideal
do homem que teme a morte e anseia por imortalidade. Uma esperança suprema que
faz valer cada passo, cada fração de segundo, cada partícula de ar que
respiramos, cada momento de pesar que vivemos. Uma religião no seu sentido mais
amplo. Uma redenção para a alma mais nula, a qual em cada movimento da dança
póstuma enxergará uma virtude nova que não fora percebida na vida.