SINAL
FECHADO
O brasilzinho inda cresce, Paulinho.
Porque dançamos acima da sucata,
Elaboramos sonetos em cima da parafernália.
O brasilzinho inda cresce, Paulinho.
Com todo o medo que encerra o nosso peito.
O temor disfarçando a nossa própria divindade.
Deuses vivos a caminho dum Olimpo inda mais
alto.
Sim, com um samba assim, Paulinho.
Cheio de vontade,
Cheio de firmeza,
Cheio de uma tristeza alegre.
A lama nos vãos dos dedos,
A flama aquecendo os tons das mentes.
Você sozinho no palco,
Cinco minutos que seja,
Para libertar os espíritos do vácuo.
A contabilidade na memória,
Com os preservativos de baixa qualidade.
O maravilhoso hotel saiu irracionalmente do
festival,
E irracionalmente permanece o sonhador.
Mas o brasilzinho inda cresce, Paulinho.
Apesar de tanto eufemismo qual botão que não
desabrocha.
Apesar do pudor inexplicável das cabeças mais
práticas,
Peitos cansados de sentir.
Muita saúva e pouca saúde, sabe, Paulinho?
Eu ficaria menos pobre, Paulinho, se pudesse
passar uma tarde com você num botequim perto da praia.
Porque
sua fala se harmoniza com o mar.