domingo, 4 de maio de 2014

João Rosa de Castro - Flores do Pântano

MADMOSAILLE MOLLAMBÔ

Maria Molambo de olhares firmes.
O escarlate desses seus rubis
É que dá o róseo dos bares mais brancos,
Eu levei um susto quando a conheci.
Imaginavas-te uma pura inerme.
Uma gorda feia com manchas no rosto.
Marcada toda pro deus insolente
Não perder de vista a sua alma fétida.
E no entretanto a tua beleza
Torna pura e bela a maior fealdade.
Se até Shopenhauer a houvesse encontrado
Em Alemanha, em França, em algures
Seria pai a filhos primorosos
E viveria além da primavera
Que tornas negros os rostos sem cores,
Que tornas finos os gestos mais rudes
Que fazes melífluo o mais amargo cálice.
Mas inda arranhas com unhas profundas
As mesmas que embelezam a tua taça,
As costas de Narcisos insensatos
E perfumando as escadarias
Com seu vestido colado à cintura
Com seu enigma calado no tempo.
Os Gitiranas amanhecem homens
Os favelados em orgasmo somem
Da atmosfera e chegam ao sol,
Que a tua beleza me ensina a enxergar

O belo microscópico da vida.

João Rosa de Castro - Despedida - Encerramento do Blogue Lume d'Arena

Prezado leitor. É com imensa satisfação que venho expressar minha gratidão a todos que visitaram, leram, compartilharam e acompanharam o L...