O
AVARO
O avaro confessou o cúmulo da avareza:
Sabe que quando dorme é para estar só
E que quando acorda é para estar junto.
Mas, ao acordar, fica horas na cama,
Estando junto, querendo ficar só.
Nessa hora, ele tem uma abundância
Que ainda ninguém quer e ninguém pede.
À noite, porém, fica quase só – sonolento,
Conquanto esteja junto de todos ao seu redor,
Nesta hora em que todos o querem e todos pedem.
O avaro economiza alma.
E vive num Brasil-quase-Japão
E
mora num Japão-quase-Brasil.