O SARAPATEL DE MARIE
Nem
que chova canivete,
Vou nas chuvas quaisquer umas.
Sou de alma pura água
Que enobrece com a chuva.
Movimento
as articulações
A fim de que vocês se me assemelhem.
Sei
que assim é que sou deus.
O
joelho, o pulso – expulso os androides.
Os androides riem-se do sarapatel de
Marie.
Pensam traduzir do mundo apenas o filé.
São sacerdotes perdidos por entre as
ervas-finas;
Trocam tudo velho – cansam-se do olhar
as mesmas coisas.
E,
no entanto, bailo todo até eunuco.
Bailo néscio ou sabedouro.
Sei que a vida é mais que luta,
Sei que a outros mais que um drible,
Mas
a minha é preencher os espaços e o tempo
Com pedaços do meu corpo.
Do meu corpo em pedaços.
Eu,
sim, faria tudo novamente.
Mataria o meu pai tão pertinente
E deitaria com suas mulheres marotas.
Eu
Cesário – tu o mais que houver.
Nada de medir que não a olho.
Olhos vistos, olho nu como o meu,
Percebem seu espírito a bailar aqui
comigo…
Como bailam os ursos em alta floresta!