CABINDAS POLIÂNDRICAS
Quase sai de
mim que não sou eu mesmo.
“Eles” são
tantos – tantas são as vozes vorazes
Famintas
e apavoradas com a miséria.
Enchem-se de
certeza e repetem o mesmo: são vítimas!
Vítimas do
holocausto!
Vítimas da
ditadura!
Vítimas das
chuvas!
Do vulcão!
Do terremoto!
De si mesmas.
Cheias de
certezas
Sem
uma sombra de dúvida sequer.
Pois que no
mundo tudo “se parece” com alguma coisa.
E as novas
vítimas sempre carregam nas mãos alguma coisa.
Nem para o
poeta versejar sem uma pena.
Vítima também
dos ouvidos que têm as paredes.
Este trecho de
uma história ao fim
Nem
parece uma ideia – impossível fazer política com este trecho de uma história de
um homem dilacerado que recolhe com as horas os seus pedaços.
Dúvida a cada
passo – a cada fôlego.
A cada canção
que as vítimas orquestram no afã de serem comiseradas.
Quase sai de
mim que não sou eu mesmo,
Mas
eu guardo este “quase” entre os dentes…!