UMA VIDA NUM VERSO
(Aos
irmãos, Franco e Fernando)
Um planeta para
os múltiplos orgasmos dos seres.
Que andei
suspendendo meu vestido de noiva com face monstruosa;
Tornei-me
a noiva da morte que brilha;
Sem
nome e sem número.
Escondendo
minha nudez da vergonha de ter vergonha.
O
medo de ter medo procura minha armadura,
Apesar
de meu “cavasno” servir-me contra a chuva.
A primavera se
prenuncia a cada riso, a toda flor.
Cinderélica à
meia-noite em desespero na caverna disfarçada.
Que príncipe
será esse o batedor de plebeia?
Sou a mulher
mais velha que há – amo a velhice como quem ouve um sabiá, que, perdido na
cidade, não soubesse assobiar!
O proletário mais
decrépito que jamais existirá.
Combinemos,
no entretanto, nossa recíproca tortura,
Nosso
silêncio na cama,
Troquemos
nossos livros para sermos de repente um o outro meramente e continuarmos nos
adorando.
Que andei
grávida qual Zeus de seus filhos alegres,
Dando-te à luz que
nasce a cada manhã!