À HELENA RAMOS
Como não
existir o primeiro amor
Ainda
pulsando em minha memória?
Como não
existir esta deusa que ressoa ali
A
um passo do meu afago?
Como não
existir o meu bem que me chama
De
longínqua cidade para dizer que me ama?
Como não
existir este deus-pai, meu pai-deus
Colorindo
com um sorriso o meu quarto numa fotografia?
Como não
existir meu amigo, cuja voz se transmite
Pelos
fios telefônicos da telepatia tão humana?
Como não
existir o brilho dessas mulheres
Que
agora dormem para estampar na elasticidade do ar
Sua
aura tão resplandecente?
Como não
existir um corpo cheio de dor e de alívio
Por
trás desta voz que ouço no rádio a falar?
Ou ao menos o
piloto daquele avião que passa,
Dessa
motocicleta explodindo o asfalto?
Sim - a
humanidade existe - sinto daqui seu olor
De
perfumes misturados na manhã entregue pelas mãos da aurora.
Sim para o dia
– seja bem-vindo
A
carregar os bípedes passos que levam ao encontro do mais além.
A humanidade
existe!