PRIMAL
Opaco e diferente
Banhado com água
tépida.
Interrompem o meu
soluço,
Interpretam o meu
sorriso,
Vasculham meu
pensamento,
Tudo, tudo porque
existo.
Invadem a minha
infância
Com revoluções
repetidas.
Meu choro é um show
pra eles
Que buscam sinais de
vida,
E testam o meu
silêncio.
O que será isto que é
o mundo?
Uma fusão ordinária,
Quase imperceptível.
Eu que não posso ser
eu.
Você que não pode ser
você.
E nos tornamos
fantasmas:
Uns dos outros e
além.
Como entregar-me a
alguém
Que não se sabe,
Que não se alcança,
Que não se cansa
E quer ser também
Opaco e diferente?
Terá sido isso um
luxo?
E inda o que mereço é
castigo?
E as cores que vejo
vivas?
Não serão minha
propriedade?
O amor é leite?
O amor é vício?
O amor é sujo?
O amor é livre?
Respeita o meu pacifier.
Respeita o cueiro e a
fralda.
O chocolate e o chá
Que bebo de camomila.
Veja o que é ser
filho.
Veja eu cá sem dente.
Veja o pai distante.
Veja a mãe contente.
O beijo na lisa face,
As cócegas no
pescoço,
Carícias na pele
toda,
Fazem
o rebento viver.