domingo, 19 de julho de 2015

João Rosa de Castro - O Erê - Com Prefácio de Rosângela Rodrigues Ferreira

PRIMAL


Opaco e diferente
Banhado com água tépida.
Interrompem o meu soluço,
Interpretam o meu sorriso,
Vasculham meu pensamento,
Tudo, tudo porque existo.

Invadem a minha infância
Com revoluções repetidas.
Meu choro é um show pra eles
Que buscam sinais de vida,
E testam o meu silêncio.

O que será isto que é o mundo?
Uma fusão ordinária,
Quase imperceptível.
Eu que não posso ser eu.
Você que não pode ser você.
E nos tornamos fantasmas:
Uns dos outros e além.

Como entregar-me a alguém
Que não se sabe,
Que não se alcança,
Que não se cansa
E quer ser também
Opaco e diferente?

Terá sido isso um luxo?
E inda o que mereço é castigo?
E as cores que vejo vivas?
Não serão minha propriedade?

O amor é leite?
O amor é vício?
O amor é sujo?
O amor é livre?


Respeita o meu pacifier.
Respeita o cueiro e a fralda.
O chocolate e o chá
Que bebo de camomila.

Veja o que é ser filho.
Veja eu cá sem dente.
Veja o pai distante.
Veja a mãe contente.

O beijo na lisa face,
As cócegas no pescoço,
Carícias na pele toda,
Fazem o rebento viver.

João Rosa de Castro - Despedida - Encerramento do Blogue Lume d'Arena

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