O OUTRO
Anhanga está no meu
ventre
Com cheiro de fumaça
sã.
O que vou fazer da
minha vida
Com o peito cheio de
caridade?
Lá vem Anhanga bem
vindo,
Lá vem Anhanga pro
mundo.
O mundo vai ver
Anhanga,
E a mim não vai mais
viver.
Anhanga vai deglutir-me.
Atávico, fugirei.
Minhas mãos nos seus
cabelos.
Seu corpo no meu
colo.
Seus pés pisando-me a
terra
De andar. Como vou
viver?
Fingindo que o
venero?
Lá vem Anhanga saber.
Se ele tornar-se eu
E eu tornar-me ele,
Anhanga e eu seremos
Insustentáveis no
tempo.
Daí nossas léguas
andadas,
Daí nossas veias em
sangue
Virão na memória
dizer
Que na mente dum pai
há dois filhos:
Um
deles é preciso de viver.