NOVEMBRO
Eu tenho
data para comemorar.
Néctar
para sugar.
Porém, de
mim se afastam;
Querem me
tornar também uma máquina sobre-humana.
E eu me
fecho.
Eu sinto
tristeza.
Eu
insisto em ser gente.
Mostro
meu rosto molhado:
Lágrimas
que ostento.
Faça,
mundo, o favor
De me
deixar na minha paz.
Deixe que
eu vá
Com minha
liberdade quadrúpede.
Se o meu
coração atrofia,
Se o meu
moinho não gira,
Se meu
oceano é sem onda,
É porque
quero me apartar.
Assim,
não insista em me amar,
Não me
traga alianças ou pactos,
Não me
pregue mentiras,
Esqueça-me.
A minha
estupidez é ladina demais.
O meu
olhar tornou-se palavra.
Meus
gestos tornaram-se palavra.
A minha
fortuna é a minha palavra.
Tolere-me.
Tolere-me. Tolere-me.
Eu tenho
data para me emocionar.
Boca para
beijar.
Porém, de
mim dependem:
Querem-me
tornar também uma estátua viva.
E eu
desafio.
Saboreio
a vitória.
Persevero
em serpentes.
Mostro a
fronte molhada:
Suor que
ostento.
Faça,
mundo, o obséquio
De me
deixar no meu mundo.
Deixe que
eu siga
Na minha
condicional prisão.
Se a
minha fala ironiza,
Se o meu
relógio termina,
Se o meu
estado condena,
É porque
é hora de me entregar.
Então,
não pense em me esquecer.
Não me
apresente inocentes.
Não
dissimule harmonias.
Enfrente-me.
A minha
ignorância é humana demais.
O meu
olhar se tornou pedra.
Os meus
gestos se tornaram pedra.
A minha
fortuna é a minha pedra.
Observe-me.
Observe-me. Observe-me.
Eu tenho
data para comemorar!