A
CHUVA
De ter amigos distantes.
De namorar no escuro.
De repensar tudo afora.
De terminar solidão.
Eu só me lembro um pouco
Para seguir ainda o tempo.
Eu, minha sina e o tempo.
Vai a alvorada dizer
Sonhos que tem em jejum.
Pois os meus sonhos tem cores
Inconfessáveis e tensas.
Ah, que saudade da infância.
Ah, que vontade tão triste
De te abraçar para sempre
E te esquecer em seguida.
Já atravessei tantas noites
E deixei Deus curioso.
E furioso o Homem.
Deixa-me agora ser simples
Pulso de vida constante.
Deixa e não peça oferenda
Pois sei de mim cada passo.
Cada desejo ou renúncia.
Deixa-me agora aqui simples.
Ordens para mim são relíquias
Que no meu coração guardo.
Aprende a ser recipiente
E te direi quanto amo.