PÉTALA
AZUL
Hoje choras que te arrancaram almas sãs,
Que te castraram formosa e chã,
Que tua lágrima é amarga e vã.
Hoje anseias por aquele rio
Que te consolava e cortava em trio,
Por que explodam bombas desse teu pavio,
Mas os teus segredos ninguém não ouviu.
Que o ultra-homem calor não sentiu,
Pois que tem olfato mas o teu odor
Alcança só a gente tua.
Hoje entendes que tua raiz
Entranha pela terra: um triz,
Que tua memória é de aprendiz.
Hoje inflamas sem sentir dor,
Que guardas tudo o que nem o amor
Enxerga ao longe no seu pudor.
Hoje assustas as pátrias crédulas
Que perclonam e tentam copiar-te as
células,
A diversidade, no teu bolso: as cédulas
De uma moeda natural e vívida.
Hoje pensas num amanhã inteiro,
Que de ti o que vimos ainda está por vir,
Que o teu enigma indecifrável
É o que respiras em pulmões sagrados.