domingo, 8 de abril de 2018

João Rosa de Castro - Amor Grátis

A RÉGIA MANHÃ

Tempo e harmonias vãs
Os sons da música se combinam
Para ouvidos sãos.
Nunca mais a marcha
Tomará os homens
Para darem a vida por paraísos infundados.
O movimento da gente na rua
A construção que se contempla
E se harmoniza com o natural fôlego de vida.
O raro arco-íris que surge vespertino,
O flerte dos futuros amantes
Farão da vida uma nova passagem.
A imensidão de noites estreladas,
Os horizontes habitados e desertos,
O tempo passando obstinado,
Todo o folclore das praças.

Ouro para conduzir a luz
E o pensamento se expande
Em sonhos coloridos e primaveris.
Tudo para que o ser se eleve na régia manhã
E acredite na riqueza de seus passos
Regendo o corpo que útil faz a vida e o mundo.





CAMINHO CLANDESTINO

Em 2009, nascia Caminho Clandestino. Talvez o livro cause a sensação de uma incipiente malandragem chegando aos nossos portões. Mas me parece mais uma incursão política pelo Brasil, em relação ao mundo. Será, afinal, este lugar uma nação (que respeite as leis mundiais) ou apenas um país, que lute com os demais sem armas o bastante?
“[…] Muito se pode fazer quando um demônio nos invade o paraíso: furar a fila do esquecimento, segurando-o pelo colarinho, fechar os olhos ante seu rosto, ignorá-lo, desprezá-lo ao rir com um amigo. […].”. Estes versos estão logo no princípio do livro: no poema “Os Trilhos”. “[…] O trem faz a trapaça. Quase beija, mas não sonha. […]” e, logo depois: “[…] o trem não faz pirraça, quase sonha, mas não dorme.[…]”. Por fim, conclui: “[…] O trem parece a traça. Quase dorme e amanhece. Todos somos jovens demais pra pedir desculpas a alguém.”.
“O Subterrâneo” diz que “Os homens são belos para as mãos fêmeas”. […], mas “[…] ficam os homens-boneca de piercing e gel nos cabelos. Que pensam só pesadelos. Os machos no subterrâneo, com putas computam o tempo e bebem da vodca, uísque, poetizando a vida, um alento; […].”.
Em “Os Pássaros da Urbe”, os paradoxos se expõem naturalmente, quando “Tudo [está] dentro de tudo, nada dentro de nada, nada dentro de tudo, tudo dentro de nada.” […]. Mais adiante, diz: “[…] Os inimigos não mais inimigos, juntam-se e riem de si mesmos: Nada fora de nada, tudo fora de tudo, tudo fora de nada, nada fora de tudo.”.
Tenho a ligeira impressão de que, se eu, como pessoa, biologicamente, culturalmente, intelectualmente, envelheci, minha poesia só fez rejuvenescer nos anos todos que passaram desde 1992; apesar de esperar a morte entrecortando ou interrompendo minha obra, de livro para livro.
E uma homenagem a Maria Rita Kehl é um pouco assim: […] O tempo passa… o mau-humor se converte em bom-humor. Os fogos iluminam os céus escuros. Eu te vejo, digo “olá!” e te abraço. […] O tempo passa… como passam passaradas, assobiando um futuro, alvoradas, e despertando do seu sono os colibris.”.

O seu autor,
João Rosa de Castro.

João Rosa de Castro - Despedida - Encerramento do Blogue Lume d'Arena

Prezado leitor. É com imensa satisfação que venho expressar minha gratidão a todos que visitaram, leram, compartilharam e acompanharam o L...