O MACRO-AMOR
Um encontro
de idéias paralelas
E o brilho
nos olhares que se buscam.
Eu te amo
Em todo o
entrelaçamento possível das solidões,
Em todo o ar
expirado a partilhar os ares do mundo
Na pura
nobreza das ruas encardidas, sem destino.
Na profunda
tristeza impregnada nas atmosferas palacianas.
Virginal
impulso no afã de imortalizar a sua essência.
Amor surgido
da trágica parafernália do tempo.
Amor perenal
e invicto – imune a toda ira (sua) repentina
Com seus
vestígios nos meus gestos, nos meus passos, nas minhas palavras.
A linguagem
com que me leem do topo dos montes e do fundo dos infernos.
Um
estratosférico sim orgástico aliviando.
Macro-amor
desenhado no destino.
Amor
desixorribonucleicamente composto
A nutrir-se
da lembrança do seu perfume, da sua voz, da sua pele – sua possível imagem.
Eu te amo
Para além das
espirais dos seus cabelos,
Para além dos
seus fluídos no meu corpo,
Livremente
para o que possa sentir
Enquanto nossos olhares
se buscarem.
ANTES
DO CREPÚSCULO
Eu
jurava que não faria de mais nada (ou pelo menos não de tudo) um compromisso.
Mas o eminente professor e teórico Massaud Moisés foi-se embora. Não fui ao seu
funeral. De forma que se o vir pela frente apenas direi: “mentiram”, ao que ele
responderá: “mentiram, estou vivinho da silva”.
Enfim,
parece que morreu mesmo. E agora com sua morte nasce a sua “totalidade”. E se
for de totalidades alheias que vivemos, já que é aparentemente impossível viver
da própria, decidi rever algumas de suas doutrinações.
Deparei
com suA Criação Literária e me
interessei por três assuntos: “o conto”, porque estava como ainda estou
envolvido em Mosaicos Urbanos, de
Mauricio Campos; e “a crítica” e “o romance”, em função do opúsculo que venho
redigindo a conta-gotas – elencando todos os considerados “melhores autores” da
Literatura Brasileira – numa breve análise de um romance (ou outro gênero
literário) de cada um deles.
Logo
na leitura d“o conto”, que configura a primeira parte do livro do Moisés,
fiquei tão entusiasmado com a afinidade que sempre encontro nele desde os
tempos primaveris da minha pena, que decidi escrever este livro que se inicia
aqui.
Não sei se a crítica e os leitores de hoje o dirá um livro
de contos como considero os textos que o compõem. Mesmo assim, fica registrada
mais essa tentativa de entreter engajando e de engajar entretendo; do contrário
fica apenas para os anais da Literatura Brasileira.
O seu autor,
João Rosa de Castro